Admita, você provavelmente tem alguma peça parada no canto do guarda-roupa e jura que ainda vai usar. Aquela calça jeans que está apertada, um vestido que um dia combinou muito com a sua personalidade... Afinal, com o tempo parece que aquelas peças passaram a fazer parte de nós, da nossa história, né? Mas para Anabelle Mori, 21, produtora audiovisual e atual empreendedora na Luck You Brechó & Store, essa história tomou um rumo diferente.
O ano é 2016, o armário estava cheio. Ela sabia que aquelas roupas acumuladas valiam algum dinheiro e resolveu anunciar em páginas no Facebook. “E eu vi que dava muito certo, porque tudo o que eu postava acabava saindo rápido”, lembra. “Mas era só um hobby. Quando eu enjoava de alguma peça, colocava lá”.
Foi com a chegada do Lollapalooza São Paulo e a vontade de ir aos shows que as coisas começaram a mudar e nasceu o que hoje é o principal portal de vendas da marca, o Instagram. “Inclusive, nessa época o brechó se chamava ‘desapegos desesperados’ porque eu estava desesperada para conseguir os ingressos (risos)”, conta. A vontade de ir ao festival era tanta que ela fez uma seleção com as próprias peças que estavam paradas: fotografou, vendeu e, ufa!, acabou dando tudo certo.
Confira o ensaio que fizemos com a Anabelle:
Foto: Nayara Venâncio/Modavesso
O START
“A marca de acessórios veio primeiro. Eu estava na faculdade, decidi vender colares que eu fazia e foi meio do nada que eu tive a ideia do nome: ‘seria legal se a minha marca tivesse o nome de Luck alguma coisa’. Eu pensei no ‘Luck You’, por causa do ‘fuck you’ (risos). Criei o logo a partir de um desenho bonitinho, digitalizei e ficou assim desde então. O brechó veio um pouco depois, mas hoje até tenho falado com uma amiga em viajar para outros lugares para garimpar peças diferentes.”
REDUZIR, RECICLAR, REUTILIZAR
“Para o brechó, passo o dia inteiro selecionando peças, sempre me guiando pelo meu estilo, coisas que eu realmente usaria. Isto acaba criando a identidade da marca. Assim que chego em casa lavo tudo, tiro as bolinhas, se tiver algum furinho eu também costuro e deixo tudo perfeito. Tem todo um trabalho por trás. Já com os acessórios, eu me inspiro muito no Pinterest, na internet no geral, mas também surgem muitas coisas da minha cabeça, vejo o que está na moda... Compro as pecinhas e vou criando.”
A criatividade é uma aliada da moda consciente
MÃO NA CONSCIÊNCIA
“Desde o início eu sabia que era bom o que eu estava fazendo porque a moda é muito poluente. Hoje em dia já existem muitas roupas no mundo e, a partir daí, muito desperdício. Então, acabei unindo isso com a ideia do Luck You. Eu sempre gostei de moda, de procurar roupas, encontrar coisas legais, criar looks e reinventar. Afinal, era uma coisa que ia ser jogada fora, acabaria poluindo o meio ambiente, e você vai pegar e transformar em uma coisa sua, acrescentar ao seu estilo. A criatividade é uma aliada da moda consciente.”
INTERNET & SP
“Uma coisa que me ajudou em relação à moda consciente, no geral, foi a internet. É fácil de divulgar, encontrar, e as pessoas podem participar comentando e até mesmo começar a empreender também, como eu fiz. Acho que estar em São Paulo foi outro ponto importante porque facilita a moda consciente, pelo menos pra mim. Aqui tem metrô e fácil acesso a vários lugares, então eu mesma acabo entregando tudo pessoalmente.”
ENERGIA POSITIVA
“Gosto muito do que faço, seleciono tudo com calma e faço com amor, é o principal. A energia que isso tem é importante pra mim. Minhas peças não levam uma vibração pesada, como as roupas que muitas vezes a gente não sabe de onde vêm ou se são feitas por trabalho escravo, por exemplo. Acho que a parte mais bonita do que eu faço é pegar uma peça que estava parada, que iria para o lixo ou coisa do tipo, e reutilizar.”
Gostou? Veja abaixo o vídeo da Anabelle com cinco maneiras diferentes para vestir a mesma camisa:
Comments