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Foto do escritorStephany Melo

Atualizado: 19 de nov. de 2018


Foto: Pexels/Reprodução

“163 bolsas, bijoux, cintos, sapatos e botas que esquentam seu look de inverno”, “340 peças que atualizam de imediato o seu visual”... Provavelmente, você já está familiarizada com essas expressões. Afinal, elas estão nas capas das revistas que encontrei na minha casa — provavelmente, também chegaram até você e, não por acaso, vez ou outra passa pela sua cabeça aquela frase, um clichê agoniante: “Não tenho nada para vestir!”.


Calma, pois você não está sozinha. Em uma pesquisa online realizada entre agosto e setembro de 2018 pelo Modavesso, que ouviu 112 pessoas, 72,3% delas responderam que precisam de mais roupas, apesar de 76,8% não saberem de onde vêm, por quem foram feitas e em quais condições. Por outro lado, estima-se que a indústria da moda seja a oitava mais poluente do mundo, aponta o Pulse of the Fashion Industry de 2017, em um comparativo feito apenas em relação às emissões de carbono — que vale lembrar, já superam cerca de 20% do que é considerado seguro.


Se a papisa da moda, Costanza Pascolato, já mostrou em seu livro “O Essencial” que o estilo é a “impressão do seu caráter, a sua atitude”, por que não assumir uma atitude mais consciente? Daí entra o ponto principal: 49,1% ainda não sabem o que é a moda consciente. Mas se por um lado existe a falta de conhecimento, por outro nós enxergamos o interesse de 88,4% em saber mais sobre suas roupas. É aí que o papel da comunicação — inclusive do jornalismo — precisa brilhar.


Com a crise do impresso, não foi surpresa ver o fechamento de grandes títulos, entre eles a Elle que, em sua última edição nos trouxe um toque de esperança — ou seria de realidade? Em uma abordagem sobre escolhas responsáveis, processos transparentes e consciência social, ela confirmou não só um novo olhar para a moda, mas reforçou o formato de fazer jornalismo: o digital.


Ok, mas onde você, leitora, entra nessa história? Se já leu o perfil que fizemos com a costureira Mariza, sabe que a indústria têxtil ocupa, no mundo, o segundo lugar na exploração de trabalhos análogos à escravidão, aponta a pesquisa The Global Slavery Index 2018. Dentro desta realidade, 71% das vítimas são mulheres, como você e eu.


André Carvalhal, autor do livro Moda com propósito questionou se o descarte impulsionado pela moda ainda continua fazendo sentido, como foi na primeira marca em meados de 1857. A época é outra. O público mudou. Perceber o interesse das pessoas por trás da moda é notar que ela está tomando um novo rumo e o jornalismo, consequentemente, faz parte disso.


Moda consciente é saber de onde vêm suas roupas, como foram feitas, por quem, com qual material e o porquê. Saber e poder decidir. Ter este conhecimento ainda é difícil: poucas marcas divulgam, poucas pesquisas são feitas. Precisamos questionar. Pensar a moda como infinita é ignorar o meio ambiente, a sociedade e o nosso futuro.

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Foto do escritorNayara Venâncio

Imagino que você esteja com vontade de sair, mas está sem ideia... Procura por um bom papo, comidas legais, roupas conscientes e acessórios incríveis, né?! A Modavesso pode te ajudar!


A seguir, mostraremos quatro feiras bem legais que acontecem em diferentes regiões de São Paulo. Além de curtir a cidade de um jeito diferente, você ajuda os pequenos produtores e a economia local. Você pode acompanhar nas redes sociais das feirinhas as datas dos próximos eventos.


A Selva acontece em um ambiente aconchegante e bem cool, com tudo que você precisa para passar um dia incrível. Você pode encontrar moda, gastronomia, decoração, arte e acessórios. Tudo feito por pequenos produtores. A feirinha oferece também algumas oficinas e você pode aproveitar o dia e fazer uma tatuagem.

Onde: Rua Belmiro Braga, 119 – Vila Madalena



A Mixtura Criativa é uma feira de marcas autorais com pequenos produtores. São 50 expositores de diferentes segmentos, entre eles: arte, moda e gastronomia. Além disso, você pode participar de oficinas e fazer uma tattoo. A feira também abre espaço para ONGs divulgarem seus trabalhos sociais. Bem localizada, a feirinha fica pertinho do metrô Ana Rosa, com um astral bem leve e descontraído.

Onde: Rua Conselheiro Rodrigues Alves, 83 - Vila Mariana



Se você quer um ambiente acolhedor e uma playlist maravilhosa, esse é o local. A Misturô é uma feira criativa e consciente que auxilia pequenos produtores a divulgarem seus trabalhos. Lá você pode encontrar todo tipo de trabalho artesanal, como: moda, gastronomia, decoração e acessórios. Ela acontece todo mês com cerca de 50 expositores. E você também pode participar de várias oficinas.

Onde: Avenida Zelina, 720 – Vila Prudente



Se você quer um local com música ao vivo, parque para as crianças brincarem e lugar para passear com o seu cachorro, essa é a opção. A feira Jardim Secreto é um encontro de produtores independentes, com vários segmentos. Lá você pode encontrar moda, gastronomia, decoração, acessórios e até roupinhas para o seu pet. E curtir um dia incrível em Sampa.

Onde: Praça Dom Orione - Bela Vista



Pronto, agora é só se divertir e depois contar para gente o que achou!

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Foto do escritorStephany Melo

Atualizado: 18 de nov. de 2018

O bairro é residencial. Entre uma esquina e outra vejo uma placa no portão que diz “costureira”. Você provavelmente já viu algo assim, levou uma calça pra apertar ou encomendou uma peça diferente, né? Perto da minha casa, em Cotia, São Paulo, a pessoa por trás da máquina de costura se chama Mariza de Oliveira, 60. Bato palmas para avisar que cheguei.


– Moço, a sua calça está pronta. – diz ela ao homem que caminhava atrás de mim, que já aproveita para organizar o pagamento.


Mariza nos recebe em sua casa, onde trabalha como costureira. Foto: Stephany Melo/Modavesso

Em 2013, depois de 26 anos morando em Israel, ela decidiu voltar ao Brasil. Judia nascida entre gentis, como são chamadas as pessoas que não fazem parte da religião, foi em Tel Aviv que desenvolveu sua criatividade com a costura e, com orgulho, mostra suas anotações e livros em hebraico.


Mariza apresenta com carinho os materiais que usa em seu trabalho, onde se vê como uma artista. Para ela a criatividade para fazer as peças não é uma posse, mas uma energia coletiva que se você não captar alguém pode fazer primeiro. E explica que “a criatividade pra mim é como uma orquestra sinfônica cósmica em que cada um é uma nota, mas juntos formamos uma bela sinfonia”.

Meu nome é coragem

O ateliê é adaptado em uma cozinha ao lado do quarto dela e assim não incomoda a mãe, que já tem idade avançada, com o barulho da máquina e seus trabalhos de madrugada. Além do baixo salário na indústria, Mariza aponta os motivos de trabalhar em casa: “Quando fui fazer estágio, em São Paulo, muitas funcionárias não podiam sair para ir ao banheiro duas vezes por dia que a empresa desconfiava que estava grávida e chamava no departamento pessoal”.


Entre suas linhas, tecidos, lápis e peças de roupa que se acumulam sobre a mesa, ela diz: “Meu nome é coragem”. Muitas das mulheres na indústria, lembra Mariza, “usavam fraldas para não precisar levantar das máquinas”. Vale destacar que a indústria têxtil no mundo, ocupa o segundo lugar na exploração de trabalhos análogos à escravidão, 71% das vítimas são mulheres, apontam dados da pesquisa The Global Slavery Index 2018, da Fundação Walk Free.


Trabalhar de casa pode até demorar um tempo para pegar a clientela, mas pega. “Às vezes não tem cliente, mas sabe que eu não reclamo? Eu faço ‘oba! Agora vou poder fazer aquilo que eu estava pensando’ (risos)”. Mas o que ela mais quer agora, e até faz seus olhos brilharem enquanto descreve, é poder dar aulas de costura em casa. “Eu acho que consertar roupas não dá dinheiro, porque você não cobra as horas que você passa naquilo. Estou reunindo umas quatro pessoas pra eu abrir uma turma e ensinar tudo o que sei”.


Inconformada com a qualidade das peças vendidas por fast fashions, ela conta que muitas roupas malfeitas chegam ao seu ateliê para reparos, enquanto caminha mostrando erros nas que foram deixadas por seus clientes. “A peça chega aqui sem anatomia. Roupa pra mim tem que vestir, tem que estar junto com o corpo, acompanhar o corpo e não o corpo acompanhar e se adaptar à roupa” diz. “A moda no Brasil ainda é muito difícil. Só de ver dá vontade de chorar”.


Acompanhe abaixo mais detalhes sobre o depoimento de Mariza, que viu de perto trabalhos análogos à escravidão em São Paulo:




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